sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Peça do Mês de Agosto




Visor estereoscópico de coluna com 68 cartões
Produção estrangeira
Segunda metade do século XIX [1867]
Madeira, espelho, vidro e metal | 118 cm x 32 cm x 29 cm
Reserva do Museu da Cidade

Perpetuar os momentos, os lugares e as pessoas sempre causou fascínio no Homem. Os desenvolvimentos na técnica da fotografia, no século XIX, garantindo uma reprodução fidedigna do real e sem os constrangimentos de tempo impostos pelas formas tradicionais de representação pictórica, contribuíram, decisivamente, para incrementar esse gosto humano, bem como para a sua democratização.
Entre as técnicas fotográficas e acompanhando a evolução desta arte surge a estereoscopia, que permite a visualização da imagem com a sensação de relevo, ou seja, a representação ganha três dimensões que lhe imprimem volume. A primeira apresentação pública do sistema estereoscópio terá decorrido em Londres, por ocasião da Exposição Universal de 1851. O interesse manter-se-ia pelo século XIX e nos inícios do século XX, surgindo um conjunto de publicações sobre o seu funcionamento e as suas qualidades. Em simultâneo, vários são os fotógrafos que circulam pelo globo a captar instantes que possam traduzir-se em novos cartões. Era uma forma de permitir que, de modo confortável e antes da divulgação dos postais, o mundo entrasse pela porta adentro sem implicar as longas, dispendiosas e, por vezes, inacessíveis viagens. Além disso, a estereoscopia não se resumia a uma utilização associada ao lazer. Também a ciência recorria aos seus contributos que aportavam, ainda, benefícios para as questões de defesa tornando-se num precioso instrumento de uso militar.
O efeito visual era conseguido pela conjugação de cartões estereoscópicos reunindo duas imagens semelhantes de um mesmo objecto ou sítio, recolhidas em pontos ligeiramente diferentes e observadas através de um sistema de duas lentes. Se a forma mais comum era a do suporte com haste, que implicava a mudança manual dos estereogramas, outros meios garantiam um visionamento contínuo de cartões interligados e encerrados numa câmara fechada munida de um ponto de entrada de luz, dois óculos e de um manípulo que permitia a rodagem do carreto. É nesse segundo grupo que se inscreve a peça escolhida para o mês de Agosto, numa alusão clara ao período das férias e das viagens. Adquirido recentemente pela Autarquia, o visor de estereogramas data do século XIX e apresenta um conjunto de sessenta e oito imagens alusivas a uma exposição retrospectiva de Paris [1867].

Museu da Cidade de Aveiro

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