terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Peça do Mês | Dezembro







. IDENTIFICAÇÃO . Pena de escrever
. DATA . 1934 a1941
. DIMENSÕES . 23cm x 2.7cm
. PROVENIÊNCIA . Reserva do Museu da Cidade


Oficial do Exército, jornalista, fundador do Centro Eleitoral Republicano Aveirense [1881], professor e presidente da Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, entre 1925-1930.
A coragem será, por certo, um dos atributos de Francisco Manuel Homem Cristo [1860-1943]. Vivendo de perto as mudanças de regime político foi fiel aos seus princípios e ideais, pelos quais pugnou sempre indiferente às críticas e injúrias que o apelidavam de o Pulha de Aveiro, às intimações e prisões ou às suspensões do serviço militar. A sua voz acutilante, expressa nos caracteres de O Povo de Aveiro foi critica de monárquicos em tempo da Monarquia e de republicanos em tempo de República. A pertinência dos seus artigos, em particular no início do século XX, alargou a área de influência do jornal para uma escala nacional, alcançando uma tiragem considerável que garantia a sua venda em inúmeras localidades.
Por todos estes motivos Homem Cristo é hoje considerado um dos maiores panfletários portugueses, não baixando as armas, nem aquando da sua estada forçada em Paris, para não ser preso [1912-1916]. Da capital francesa, em ambiente de Grande Guerra, imprime e envia O Povo de Aveiro no Exílio*, em colaboração com o seu filho, com quem o relacionamento nem sempre foi fácil devido às suas posições antagónicas. Não obstante, apesar dos ideais políticos divergentes, nunca perderam a estima e a amizade que os unia.
Regressado a Portugal, em 1916, retoma a publicação local sob o título O de Aveiro, que se manterá até 1927, ano em que o periódico volta à sua designação inicial O Povo de Aveiro que manterá até ao fim da publicação, em 28 de Junho de 1941. Nesta fase, a sua vertente interventiva causar-lhe-ia alguns contratempos com a Censura do Estado Novo. É deste último período a placa tipográfica do cabeçalho do periódico gravada em relevo sobre madeira.
Nortearam sempre a sua actuação o desejo e a preocupação de proporcionar informação aos seus concidadãos e de, em simultâneo, combater os elevados índices de analfabetismo da população. Aposta, por isso, na instrução entendida como causa e efeito da educação, a começar pelos seus colegas militares. Esta sua dedicação estará na origem da oferta de uma caneta de aparo, em forma de pena, com a inscrição “Um grupo de estudantes de Aveiro / a / Francisco Christo”.

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